quinta-feira, dezembro 21, 2006

Lembranças de um Passado recente.


O antigo porto de pesca nos anos 70

Actual



segunda-feira, dezembro 11, 2006

COMO NASCEU E EVOLUIU A ACTUAL RUA ALEXANDRE HERCULANO CONSIDERADA HOJE ARTÉRIA NOBRE DA CIDADE DE PENICHE II parte e conclusão

A edificação que se segue tem o número de policia 76. Trata-se de uma outra construção da mesma época mandada edificar por Joaquim José Tavares, natural da freguesia de S. Sebastião da Vila de Peniche, oriundo de uma familia da Vila de Cela, Couto de Alcobaça, que fixou residência em Peniche nos fins do século dezoito quando seu avô, o Alferes José Tavares Leão, então ao serviço da Fortaleza de Peniche, constituiu familia casando com D. Jacinta Barbosa de Figueiredo, natural desta Vila.
Manteve-se na posse de herdeiros directos até à data do falecimento de D. Isabel Maria Godinho Tavares, solteira, de 61 anos de idade, natural do Brasil, residente naquela habitação, que, com 61 anos de idade, findou os seus dias a 26 de Janeiro de 1919. Em 1 de Fevereiro do ano anterior, em testamento das suas últimas vontades deixou o edificio a que nos estamos a referir a sua sobrinha Maria das Dores Tavares Freire de Andrade, filha de sua irmã Balbina da Purificação Tavares Freire de Andrade e de Luis Maria Freire de Andrade. Presentemente são suas proprietárias as filhas de D. Maria das Dores: Maria Teresa e Maria do Carmo Tavares Freire de Andrade Bonifácio da Silva.
O prédio que se segue torneja para o actual Largo Dr. Figueiredo Fana. Tratava-se de um antigo lagar que foi adaptado espaço comercial onde funcionou uma drogaria que um grande incêndio destruiu em 1932.
A Câmara Municipal comprou o imóvel em ruínas e ofereceu-o à Administração Geral dos Correios e Telégrafos para esta ali instalar um novo edifício dos correios. Inaugurada a nova Estação dos CTT em 10/4/1938, ali se manteve aquele serviço p durante quase 50 anos. No primeiro andar funcionava o serviço telefónico e no piso superior encontrava-se instalada a residência do Chefe da Estação. Continua sendo propriedade da mesma entidade e nele encontra-se instalado o equipamento telefónico que serve Peniche.
A actual rua Alexandre Herculano, além do primitivo topónimo, foi também designada
por rua da Ponte, do Murraça e do Passeio, a partir de 1834.
Com a passagem do primeiro centenário do nascimento de Alexandre Herculano, político, historiador, poeta e romancista, ocorrido a 28 de Março de 1910, a Câmara Municipal, em sessão camarária de 1 7/3/1 91 0, deliberou alterar o topónimo de Rua do Passeio para Rua Alexandre Herculano dando conhecimento à Comissão Executiva do Centenário da sua participação perpetuando numa das artérias da então Vila de Peniche o nome daquela personalidade.
Até então o trânsito de viaturas não ia além do portão principal da Vila, designado por “Portão da Ponte Velha”, havendo todo o interesse em que se criasse desvio na direcção da Estrada da Ajuda (actual Avenida 25 de Abril) pois que a passagem existente sô permitia o acesso de peões.
A Câmara Municipal procedeu à arrematação da obra de alargamento daquela artéria a 27 de Maio de 1 913 entregando-a por empreitada a Serafim Joaquim, morador no lugar da Matoeira, concelho de Caldas da Rainha, pela quantia de duzentos noventa e nove mil réis.
Passa toda aquela área entre o inicio da Travessa da Ponte e o acesso à Estrada da Ajuda a ter maior actividade por ah ter sido instalada, pouco tempo antes da referida obra, uma escola do ensino primário elementar para ambos os sexos no edifício de l.° andar com o actual número de policia 46 Funcionava numa casa particular alugada, para o efeito, pela Câmara Municipal, a Eduardo Plácido Montez. Depois de 1918 este prédio passou a servir de sede a um grupo desportivo, sendo depois residência da família “Casimiro” que no rés do chão criou uma padaria.
Mais ao lado, Antero do Nascimento obteve da Câmara Municipal, por deliberação de 17/5/1928, aprovação para a construção de um prédio de 2 pisos cujo piso inferior desti nou ao comércio de venda de vinho a copo. Era a conhecida “taberna do Antero à Ponte”, remodelada mais tarde para dar lugar ao actual café e cervejaria “Nau”.
Mais a Norte continuava com grande actividade o estábulo, com oficina de ferrador,
do “José Ferrador” grande atracção para as crianças de então, sempre de olhos atentos quando lhes era possível assistir à operação de pôr ou renovar as ferraduras nos animais. o seu espaço está hoje ocupado por um imóvel de 2 pisos onde funciona no piso inferior um estabelecimento de electrodomésticos.
A Câmara Municipal sob a presidência de António Maria de Oliveira chegou a projectar construir um mercado municipal no espaço do actual “Jardim da Cascata”, durante muitos anos ocupado com armazéns e arrecadações dos serviços municipais de limpeza. o projecto, da autoria do Arquitecto Paulino Montez, chegou mesmo a ser aprovado, embora nunca se tivesse concretizado. Com a demolição da casa da guarda e outros anexos tinham dado apoio ao portão militar e das arrecadações que haviam sido criadas pela Câmara quando utilizou a área para os seus serviços, todo o espaço sul do “Baluarte de Ponte” foi saneado dando lugar ao actual espaço ajardinado.
Mais à frente, a Norte, do outro lado do acesso à “ponte velha”, José do Rosário Leitão, negociante de peixe, natural e residente em Peniche, em zona pertencente ao prédio militar n° 67, alugada, a 2/5/1942, pelo Depósito de Presos de Peniche, com a renda anual de 153$OO, quando um seu cunhado era Presidente da Câmara Municipal, manda construir um barracão com a extensão de 24 metros, encostado a muralha militar, tendo levantado sobre esta uma parede de alvenaria com a altura de um metro.
Na mesma época de 40, João Mendes Madeira Sobrinho, gerente da Fábrica de Conservas, Judice Fialho, mandou construir, em frente a este armazém, a sua casa de habitação, um vasto imóvel de dois pisos, em terreno adquirido por compra a Carlos Maria Freire de Andrade. Com a morte deste e de sua esposa, seus herdeiros arrendaram
o prédio à Junta Central da Casa dos Pescadores que ali fez funcionar uma Maternidade durante as décadas de 70 e 80.
Logo a seguir, para Norte, na zona contígua, José Fernandes Pinto, industrial penichense, no espaço de uns velhos pardieiros e de casa de habitação construiu uma garagem de recolha de automóveis, com serviço de lavagens, lubrificações e abastecimento de combustáveis. Esta construção foi aprovada pela Câmara Municipal no princípio da década de 50.
Mas foi a partir de 1954, com a execução da obra de remodelação de todo o acesso de Peniche de Cima à Ribeira, que foi radicalmente transformado o aspecto desta rua no troço entre a “Ponte Velha” e o “Alto do Vilas”, com a demolição de várias construções antigas e a sua reconstrução após o alargamento da via de acordo com o Plano de Urbanização. Isto sô foi poss apôs negociação com os proprietários dos vários prédios ali existentes. Cito algumas das escrituras que resultaram dessas negociações:
Escritura de expropriação, a 14/6/1958, entre a Câmara Municipal e Floriano Maria de Abreu e Olegário Julio Ferreira (L.° de Escrt. n.° 13 do Notário Privativo da C.M.P.). A 24/6/1959 com Maria Guilhermina Ribeiro Guizado Mota Carmo (L.° de Escrt. n.° 14).
A 23/7/1959 com os Herdeiros de Francisco Martinho (L.° de Escrituras n.° 14). A 22/7/1969 com Manuel Gomes Bastos (L°. de Escrt. n.° 20).
Em todas estas negociações, a Câmara Municipal de Peniche, para além de pagar as indemnizações acordadas, tomou a responsabilidade de mandar proceder, à custa do Municipio, à construção ou reconstrução de habitações destinadas à substituição das moradias demolidas.
Já longos anos passados depois destas obras, a Câmara Municipal quis pôr a descoberto toda a muralha militar fronteira a esta artéria. Restava o armazém ali construído na década de 40 por José do Rosário Leitão.
A edilidade, então sob a presidência de Luis Alberto de Matos Almeida, entabulou negociações com os herdeiros da propriedade e, a 6/8/1982, a viúva, Joana Andrade Leitão e os restantes herdeiros, fizeram entrega ao Município do imóvel e restante terreno ocupado, mediante escritura lavrada naquela data, pela importância de dois milhões de escudos. Seguiu-se a sua demolição e o ajardinamento de todo aquele espaço.
Pouco mais se fez depois em toda aquela artéria, para além da destruição do muro de vedação do “Jardim da Cascata” e da recente remodelação da iluminação pública.
Peniche, Novembro de 2006.